Curiosidades


Moçambique da Ponte Nova – Lagoinha (SP)
Lagoinha é uma “jovem cidade” podemos dizer, tornando-se município, em 1953, quando deixa o status de então distrito de São Luiz do Paraitinga. Possui atualmente aproximadamente 5.000 habitantes mantendo ainda uma grande parcela na zona rural. Característica marcante em sua história “muito mais longa” e rica culturalmente, do que se posso imaginar. Povoada desde o fim do século XIX possui grupos folclóricos e festas populares – com destaque a do Divino Espírito Santo – centenários. É considerada a cidade mais católica do Estado de São Paulo e, conjuntamente com a forte religiosidade das missas e procissões, mantém muitas manifestações populares ligadas à religiosidade mas na classificação – polêmica por sinal – dita profana como encenações da Paixão, enfeites para Corpus Christi e grupos de moçambique, folia, catira entre outros.

Mestre Robertinho Landim é, sem sombras de dúvida, a figura do lagoinhense típico, quando pensamos em sua força da cultura popular e religiosidade. Sitiante, ganha sua vida nesta dura e ao mesmo tempo privilegiada vida entre a labuta da produção rural e as diversas reuniões festivas com vizinhos ou peregrinações a frente do Moçambique da Ponte Nova. Dança catira, canta em festivais sertanejos, mantém viva a tradição da dança do carangueijo, do sabão, participa dos cantos de Brão junto com seu Agenor Martins de São Luiz do Paraitinga, tendo se tornado referência para seus conterrâneos, e sendo figura fundamental nas transmissões da oralidade e de todo este universo cultural que o cerca.

O Moçambique da Ponte Nova possui, segundo Robertinho, tem por volta de 70 anos, tendo sua origem com o saudoso Mestre Dito Lino. Contemporâneo ao seu Dito Lino, Jorge Faustino é seu maior colaborador no comando do Moçambique da Ponte Nova. Seu Jorge pode ensinar passos de dança e versos originais mas precisou da ajuda do mestre Robertinho para reerguer o grupo: “ Nossa região nas décadas de 70 e 80 empobreceu muito, as pessoas foram embora e o Moçambique tinha acabado, Robertinho que já participava dos grupos folclóricos junto de seu pai me ajudou e remontamos o Moçambique” conta mestre Jorge Faustino.

A capacidade de retomada das tradições populares é uma das características fundamentais deste mundo que consegue se recriar, reerguer e, a partir da experiência de ícones que são reconhecidos por toda a comunidade, retomar tradições de gerações anteriores com grande imponência. O Moçambique da Ponte Nova conta hoje com 25 integrantes entre tocadores de caixa de repique, sanfona, pandeiro, bumbo (surdão), agogô, chocalho e cantores que executam os passos de sua dança.

Este grupo tem se apresentado em diversos eventos da região, com destaque para as Festas do Divino, mas como o próprio mestre Robertinho lamenta “ a gente sofre com a dificuldade de apoio do poder público e, principalmente na última década, temos dependido do apoio de amigos e membros de entidades para ter condição de viajar e de se apresentar”.

Ainda bem que para gente acostumado em vencer as dificuldades da vida sempre rezando, cantando e fazendo muita festa, tudo isto é apenas um detalhe!!!